terça-feira, 17 de maio de 2011

A questão do "erro" na educação linguística

Nesta semana um assunto polêmico tomou conta dos noticiários da imprensa. A inclusão do MEC de uma publicação no PNLD provocou reações distintas nos corações mais apaixonados. De um lado os que atacaram a perspectiva diante da língua assumida por uma equipe de professores (mais de uma dezena, que assinam a dita publicação didática); de outro os que saíram em sua defesa. Abaixo são reproduzidos alguns fragmentos e textos na íntegra para que vocês possam se interar do debate e tomar as suas posições. Estão indicados, ao final da postagem, os links de origem para consulta direta. Neste blog corre uma enquete sobre o assunto, não deixe de responder. Afinal: certo ou errado... adequado ou inadequado?

Abaixo o conhecimento!



Antes de invadir a Universidade de Salamanca, o general falangista Milán Astray encerrou uma discussão com o reitor Miguel de Unamuno com o grito: “Abaixo a inteligência!”. O Brasil parece hoje tomado por falangistas que têm medo de livros, de escolas, de conhecimento. Bibliotecas estão abandonadas. Escolas malcuidadas. Professores malformados. Alunos semianalfabetos, ainda que tenham diploma de curso superior. O mérito está sendo abolido, substituído por cotas e por aprovação de ano automática. E agora o MEC referenda um livro, distribuído a quase meio milhão de alunos, que apoia o falar errado: “O livro ilustrado mais interessante estão emprestado”. O governo não se importa de contrariar a Constituição que estabelece o Português como a língua oficial do Brasil. Quer abonar o patoá.



Ironicamente, o livro se chama “Por uma Vida Melhor”. Como terá vida melhor alguém que, não aprendendo a língua, não vai se comunicar direito, nem vai conseguir um bom emprego sem se expressar da forma correta? Quem vai à escola é para aprender, e não para ser vítima da esquizofrenia do politicamente correto.



A ideia é liberar o falar errado; fale errado sem medo. Sim, sem medo. Depois se dane, porque você foi nivelado por baixo e terá uma vida sempre nivelada por baixo. Porque se você crescer intelectualmente, tiver mais acesso ao conhecimento, vai querer pensar, tirar conclusões e deixará de votar em demagogos, populistas e mentirosos.



O professor Evanildo Bechara, mestre de todos nós que amamos o nosso País e, em consequência, amamos a língua que nos distingue, afirma que “se o professor diz que o aluno pode continuar falando ‘nóis vai’, porque isso não estaria errado, então esse é o pior tipo de pedagogia. Se um indivíduo vai à escola, é porque busca ascensão social e isso demanda da escola que lhe ensine novas formas de pensar, agir e falar”.




Aqui, a esquizofrenia da frustração pretende uma espécie de bestificação social. Todo somos iguais e todos somos as mesmas bestas. Vai para onde o Brasil desse jeito? A China sabe aonde vai. Há 320 anos manda multidões de jovens para os Estados Unidos, para fazerem pós-graduação. Nas escolas chinesas, o ensino é rígido, é competitivo e premia o mérito. O Brasil despreza esses três meios de se obter sucesso futuro. E fica cada vez pior.



Agora estão terminando o fundamental sem estarem alfabetizados. Os especialistas dizem que no segundo ano já deveriam estar alfabetizados. Quando fiz o primário em grupo escolar, estávamos alfabetizados no primeiro ano. No segundo já interpretávamos leitura, dividíamos e multiplicávamos. Também plantávamos horta para a merenda escolar, sem medo de sujar as mãos com barro e mexer em minhocas, ó ausentes pais urbanos!



Alexandre Garcia



"Não somos irresponsáveis", diz autora de livro com "nós pega"

“Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação. Por exemplo, na hora de estar com os colegas, o estudante fala como prefere, mas quando vai fazer uma apresentação, ele precisa falar com mais formalidade. Só que esse domínio não se dá do dia para a noite, então a escola tem que ter currículo que ensine de forma gradual” (Heloísa Ramos, uma das autoras)

Em nota enviada ao iG, o MEC defendeu o uso do livro e afirmou que o papel da escola não é só o de ensinar a forma culta da língua, mas também o de combater o preconceito contra os alunos que falam linguagem popular.

A doutora em linguística e professora da Universidade de Brasília (UnB), Viviane Ramalho, vai além da opinião da autora do livro e defende que a linguagem popular seja ensinada abertamente nas escolas. “O ideal seria aprender todas as possibilidades diferentes até mesmo para respeitar o interlocutor que usa outra variedade linguística”, diz.



A linguista Juliana Dias acredita que a escola deva ensinar exclusivamente a norma culta e usar a linguagem popular apenas como exemplo durante as explicações. “O popular não cabe para o ensino. Cabe somente para reflexão, discussão, e até para o combate ao preconceito com as formas mais simples de se falar”.

Abaixo o conhecimento!



"Não somos irresponsáveis", diz autora de livro com "nós pega"



Leia também a defesa feita pela coordenadora pedagógica da editora que lançou o livro